Denúncia sobre conduta inadequada do Banco do Brasil
- Otávio Santiago
- Jun 13
- 4 min read

Me chamo Otávio Santiago Cordeiro, tenho 47 anos, sou designer gráfico, e venho, por meio deste e-mail, compartilhar um relato pessoal que acredito ser de interesse público e jornalístico sobre a oferta e processo de venda inadequada de produtos financeiros por parte do Banco do Brasil.
Em 2024, tive uma experiência extremamente negativa com o Banco do Brasil – agência 4888-7 (Estilo Investidor), em Belo Horizonte. Fui induzido a aplicar cerca de 1/3 das minhas economias de vida em um único produto de alto risco oferecido pelo banco (BBIG11), completamente incompatível com o meu perfil conservador de investidor.
Deixei claro à gerente responsável pela minha conta que não aceitava produtos de risco. Ainda assim, a operação foi conduzida com omissões graves: não recebi qualquer contrato ou termo de adesão no momento da compra, apenas prints parciais do prospecto enviados via WhatsApp — destacando apenas os pontos positivos, sem mencionar qualquer risco — e com mensagens programadas para desaparecer. A gerente jamais mencionou que se tratava de um investimento baseado em ações, ciente de que, ao saber disso, eu recusaria imediatamente.
Em vez de me apresentar os termos e características do investimento de forma clara, a gerente apenas me orientou a acessar o aplicativo e confirmar a operação com minha senha o quanto antes, dizendo que eu “não poderia perder a oportunidade”. Em nenhum momento foi explicado o que eu estava autorizando. Fui induzido a concluir a compra sem saber que estava adquirindo cotas de um fundo de risco – o que agrava ainda mais a falta de transparência da operação.
O contrato completo só foi encaminhado a mim em janeiro de 2025, com data de 24 de janeiro, ou seja, meses após a aplicação, quando os prejuízos já estavam evidentes. Isso comprova que o documento nunca havia sido formalizado na data da venda, o que viola princípios básicos de transparência e responsabilidade.
Além disso, um bug no aplicativo de investimentos do Banco do Brasil impediu que, por dois meses (novembro e dezembro de 2024), eu acompanhasse corretamente a evolução do fundo. Justamente nos períodos em que o ativo sofreu forte desvalorização, o sistema mostrava uma rentabilidade estática, sem refletir a queda do patrimônio. Ao questionar a gerente sobre essa falha, recebi como resposta apenas que eu “não precisava me preocupar”, ignorando completamente a gravidade do problema e a responsabilidade de me manter informado.
Outro ponto que evidencia a forma incorreta e desorganizada com que a operação foi conduzida é que o investimento foi feito em meu nome e no meu CPF, mas os rendimentos mensais e o valor resgatado da venda das ações foram depositados diretamente na conta da minha mãe, vinculada ao CPF dela. Essa estrutura é completamente irregular, pois os recursos são de minha titularidade, e essa divergência pode gerar sérios problemas tributários para mim, uma vez que se trata de um valor superior a seis dígitos. A gerente não soube justificar essa movimentação cruzada entre contas e nunca explicou previamente que isso ocorreria.
No dia 18/02/2025, me reuni pessoalmente com o gerente geral da agência e formalizei por escrito minha reclamação. A resposta do banco foi evasiva, omissa e com clara intenção de se eximir de responsabilidade. Ignoraram os principais fatos, não explicaram a ausência de contrato e tentaram me responsabilizar por uma operação claramente incompatível com meu perfil.
O resultado foi um prejuízo financeiro significativo, além do desgaste emocional por ter sido exposto a um risco que jamais teria aceitado, caso tivesse sido devidamente informado.
Fica evidente que a instituição priorizou metas de vendas internas acima da conduta ética e do dever de cuidado com o cliente.
Acredito que este tipo de prática comercial precisa ser exposta e debatida, principalmente por se tratar de uma instituição pública, com grande capilaridade e confiança da população.
Caso tenha interesse em conhecer mais os detalhes do caso, estou à disposição para enviar toda a documentação, provas das omissões e inconsistências, e o que for necessário.
Mais uma vez, obrigado pela atenção.
Atenciosamente,
Otávio Santiago Cordeiro
Linha do Tempo – Caso BBIG11 / Banco do Brasil – Agência 4888-7
Abril/Maio 2024
Gerente recomenda investimento em BBIG11
→ Não informa que se trata de um investimento volátil
→ Nenhum contrato é entregue no momento da aplicação
→ Apenas prints parciais do prospecto enviados via WhatsApp, com mensagens programadas para desaparecer
→ Pressiona a aprovação imediata e orienta o cliente a confirmar a operação pelo aplicativo do banco
Junho a Novembro 2024
Cliente permanece sem acesso à posição do investimento
→ Fundo não aparece no aplicativo principal do Banco do Brasil
→ Somente três meses depois a gerente orienta o download de um app específico (BB Investimentos)
→ Total ausência de orientação, suporte e visibilidade adequada sobre o produto adquirido
Novembro/Dezembro 2024
Bug no app BB Investimentos
→ Gráficos de rentabilidade dos meses de novembro e dezembro aparecem “limpos”, sem dados
→ Ocultação da queda real do patrimônio
→ Investimento não aparece corretamente na conta do titular porque os rendimentos estavam sendo creditados no CPF da mãe
→ Cliente só descobre onde está o fundo após longo período de ausência de informações
Dezembro 2024 – Atualização forçada do perfil de investidor
Gerente liga para o cliente solicitando atualização do perfil no app do banco
→ Alega que, caso a atualização não fosse feita, o cliente perderia acesso ao app após a virada do ano
→ Nenhuma explicação clara é dada sobre o motivo da atualização
→ Cliente entende, posteriormente, que os investimentos feitos não estavam compatíveis com o perfil original
Janeiro/Fevereiro 2025
Após insistência, gerente envia o contrato
→ Documento datado de 24/01/2025, meses após a aplicação
→ Comprovação de que o contrato nunca havia sido formalizado na data da venda
→ Graves violações de transparência, compliance e dever de informação
→ Cliente vende o BBIG11 logo após entender que se trata de um produto altamente volátil
→ Todos os rendimentos e o valor de resgate foram depositados na conta da mãe, vinculada a outro CPF
→ Estrutura irregular pode gerar sérias consequências tributárias para o cliente
18 de Fevereiro de 2025
Reunião presencial com o gerente geral da agência
→ Reclamação formal entregue por escrito
→ Banco responde de forma evasiva, ignora os principais fatos e tenta se eximir de responsabilidade
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